15 janeiro 2007

Sou uma pessimista impaciente

Neste final de semana (14 e 15 de janeiro) fomos para o Abrigo de Montanhas em Itapajé. Muito alto, muito frio, muito lindo. As crianças acamparam, nadaram no açude, andaram de Jumento; Vital leu, fotografou, filmou, dormiu e curtiu a natureza como só ele sabe e tanto gosta. Outros brincaram, riram, extasiaram-se. Eu li, desenhei, comi, dormi e me zanguei com os passarinhos irritantes.


Acho até que me esqueci de uma porção de coisas, mas voltei preocupada. Descobri que não fico deslumbrada diante da natureza. Ela não me surpreende, não me cativa. Receio que esteja me tornando uma parte viva da selva de pedra. Sem capacidade para me sentir formando elos com o universo, cada vez mais me sinto prestes a partir, a ir para um lugar que não sei aonde é. Para lugar nenhum. Conformo-me em saber e acreditar que sou uma refeição em potencial para os vermes que primeiro comerem minha carne. E que meus ossos ainda viverão mais que minha pele branca, que o Sol tenta queimar.



Então, aproveito o que minha família me proporciona: alegria, satisfação, segurança, coerência. Até mesmo a raiva, insegurança, medo, impotência. São estas as sensações que me motivam, que me empurram para o dia de amanhã. Não tenho ilusões sobre futuro, alma, transcendência. Não acredito, duvido e não me surpreendo se dá errado. Já espero que seja assim.

Sou uma pessimista impaciente com uma câmera na mão. Estou assistindo a tudo, sei como vai acabar e não tenho vergonha de dizer, embora tema que nem todos gostem de ouvir: acho a vida longa demais. Entretanto, Iago dormiu no pau-de-arara em movimento, ladeira sinuosa e esburacada abaixo.

Nenhum comentário: