Vou começar escrevendo pra orientar meus planos. São meio sem nexo, "pesados", como diria um professor meu, apaixonado por aforismos infantis.
Mas meu terrível pesar da existência não me ensinou leveza e nem sutilizas. Vivo num universo que requer audácia e atrevimento para sobreviver.
Estou falando do meu universo em choque com o dos outros. Quando tentei ser leve, dei de cara com a força massacrante de egos mais evoluídos e opressores. Inevitável e traumatizante foi o meu fracasso.
Volto agora da maravilhosa aula de História da Arte com um professor-especialista que tem prazer em fazer o que faz, sabendo por que e para que faz. Comparo seu dedicado e próspero tempo com o meu "pseudo-renascentista" ideal de trabalho e vida. Quero não ser especialista. Quero saber de tudo um pouco. Quero ser costureira, crochezeira, bordadeira, eletricista, pintora, desenhista, escultora, médica, dançarina, o diabo. Mãe, amante, mulher independente, dependente, livre, esposa, promíscua, fiel. Não sou boa em nada disto. E me perdi neste mar de coisas a ser e fazer. Que tragédia de quase trinta anos sou!
Mas outro dia, constatei que sei fazer algo muito bem. Tenho o poder de comover e prender atenção quando pratico tal ato. Distraio e emociono. Convenço e provoco. Sou tão boa que me assusto. Demorei a constatar e me convencer que eu sei ler. Leio como um orador-personagem, apoixonado, emocionado. Leio como um orador-escritor, dono de suas palavras, veículo para transpor suas emoções e sentimentos que saem de minha boca, que guturam por minha garganta, que se fazem música nos ouvidos dos que têm o prazer de me ouvir. Fora isto, não sei fazer mais nada que preste. Estou convencida.
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